Mercado prevê que um dos indicadores de correção de preços deve encerrar o ano apontando deflação, enquanto outro, deve fechar em alta. E como isso afeta você?
Se você é locatário, o preço do seu aluguel vai subir – e isso é um fato. Mas se ele vai subir muito ou pouco de um ano para outro, aí já depende do indexador no seu contrato. O Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M) é o indexador mais comum nessas relações, por isso é conhecido como “inflação do aluguel“. Na prática, essa é a taxa de referência no mercado para correção dos preços de locação de imóveis.
Acontece que durante a pandemia o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), a inflação oficial de mercado, substituiu o IGP-M em muitos desses contratos. Com uma alta do IPCA mais relevante e mais alinhada às necessidades de locadores, multiplicaram-se na Justiça pedidos para abandonar o IGP-M e adotar o IPCA como indexador de correção do aluguel em contratos já firmados.
Num raro pico neste ano, o IGP-M acelerou de 0,34% para 0,64% entre a segunda prévia de setembro e a de outubro. No encerramento do mês passado, marcou alta de 0,37%, de acordo com o Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre).
E esta é a maior taxa para uma leitura do IGP-M nos 10 primeiros dias no mês (o chamado decêndio) desde dezembro (0,77%). Comparado ao mesmo indicador para o mês fechado — que utiliza períodos de coletas diferentes —, seria o mais alto desde abril de 2022 (1,41%).
A aceleração de preços mensal, no entanto, não deve impedir que o IGP-M encerre 2023 com taxa anual negativa. Até outubro, a segunda prévia acumula quedas de 4,32% e de 4,44% no ano e em 12 meses, respectivamente, segundo a FGV. Se confirmada ao fim de dezembro, será a primeira deflação do IGP-M desde 2017 (-0,52%).
Mas isso não significa que seu aluguel vai ficar mais barato, acompanhando a queda no indicador. Na verdade, sinaliza apenas que a régua para correção do aluguel indexado pelo IGP-M será menor que a do indexado pelo IPCA, previsto para encerrar este ano com alta de 4,75%, segundo o último Boletim Focus do Banco Central.
A disparada nos preços do atacado, em especial commodities como minério de ferro, puxou o IGP-M neste mês, segundo o economista responsável pelo indicador no FGV Ibre, André Braz. E essa influência do atacado foi tão forte que acabou por diminuir o impacto da desaceleração de preços do varejo.
Ao ser questionado se essa arrancada de preços do atacado poderia acelerar a taxa do IGP-M até o fechamento de coleta de preços para o indicador total, a conduzir o IGP-M completo de outubro para mais de 1%, Braz informou não acreditar nessa hipótese.
Em seu entendimento, os sinais até o momento são de que o índice deve encerrar o mês próximo ao resultado da prévia divulgada hoje, sem uma nova aceleração na comparação. “E, para a taxa anual do IGP-M de 2023, muito improvável que não encerre negativa”, reiterou, ao acrescentar que não daria tempo, em menos de três meses, de a variação do IGP-M em 12 meses voltar ao terreno positivo.
Fonte: https://valorinveste.globo.com/produtos/imoveis/noticia/2023/10/19/o-preco-do-seu-aluguel-vai-subir-muito-ou-vai-subir-pouco-depende-do-indexador-entenda.ghtml
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