Alta renda ignora Selic, vai às compras e vendas de imóveis novos sobe 9% em 2022

Lançamento de novas unidades tem recuo de 15,8% no ano

As vendas de imóveis novos subiram 9,2% no último ano, para 156,7 mil unidades, de acordo com dados divulgados pela Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc) nesta quarta-feira (29). O índice Abrainc-Fipe de 2022 reúne dados de 18 empresas associadas da entidade. Foi o maior volume da série histórica do indicador, iniciada em 2014.

O segmento de média e alta renda puxou o resultado, tendo elevado as vendas em 67,8% no ano, para 46,9 mil unidades. As vendas ocorrem mesmo com o custo mais alto do crédito imobiliário, algo que “surpreende”. “Verificamos que quando as pessoas olham a apreciação do imóvel versus a Selic, isso traz às compras”, afirma Luiz França, presidente da Abrainc.

Por outro lado, a comercialização de unidades econômicas, do programa Casa Verde e Amarela (agora, Minha Casa, Minha Vida), caiu 6,4% no período, para 105,8 mil unidades. O presidente da Abrainc afirma que essa queda ocorreu apesar de um aumento das vendas do segmento econômico no segundo semestre, depois que o governo federal fez readequações no programa, como nova distribuição de subsídios e aumento do teto de preço das unidades.

Valorização de imóveis

 

A entidade destacou que, de acordo com o índice IGMI-R, feito pela entidade de crédito imobiliário e poupança Abecip, houve valorização de 15,06% nos imóveis no país em 2022, patamar acima da Selic.

Já entre os imóveis novos, segundo o Abrainc-Fipe, a alta de preço das unidades foi de 10% para venda, com valor médio de R$ 344,5 mil, e de 11,4% para os lançamentos (média de R$ 381,4 mil).

O aumento encontrado nas vendas pelo Abrainc-Fipe contrasta com o dado de outra entidade, a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (Cbic), que apontou queda de 3,2% nas vendas de suas associadas, para 304,4 mil unidades.

As duas entidades, no entanto, apontaram queda anual no volume de lançamentos.

Segundo o Abrainc-Fipe, foram lançadas 15,8% menos unidades em 2022 (129,4 mil residências), volume que ainda é o segundo melhor resultado da série história do indicador. A queda foi maior no médio e alto padrão, de 31,4% (44,2 mil unidades), mas o segmento econômico também recuou, em 4% (85,2 mil unidades).

Para a Cbic, a queda total dos lançamentos foi menor, de 8,6% (295,4 mil unidades).

Segundo França, o recuo de lançamentos é explicado pelo aumento de preços dos insumos da construção civil. Em 2022, o Índice Nacional de Custo da Construção (INCC) ficou acumulado em 9,4%. “Tivemos pressão de custo muito alta e perda de poder aquisitivo das pessoas, então o mercado corretamente teve que se readequar e, de maneira responsável, reduziu os lançamentos”, diz.

Para 2023, há terreno para crescimento nos lançamentos de unidades econômicas, já que o atual governo está “muito focado” no MCMV, afirma França.

Em 2022, cerca de 350 mil unidades foram financiadas pelo programa habitacional, mas França afirma haver potencial para chegar a 650 mil ao ano, com os recursos destinados à política. Em 2022, foram gastos R$ 7 bilhões com subsídios, vindos do FGTS. Já para 2023, há um orçamento de R$ 9,5 bilhões em recursos do FGTS, mais R$ 10 bilhões vindos da União.

Para auxiliar o segmento de média e alta renda, que tem visto a taxa do crédito imobiliário subir, França defende uma alta no percentual de recursos da poupança que deve ir, obrigatoriamente, para esse tipo de financiamento, passando dos atuais 65% para 70%. Segundo ele, o Banco Central analisa a proposta. “É importante para tirar pressão do aumento da taxa de juros”, afirma. Sem recursos suficientes vindos da poupança, os bancos captam dinheiro por outros meios, o que aumenta o custo de captação e a taxa ao consumidor, além de deixar o crédito mais restrito.

A Abrainc defende que esse recurso adicional seja empregado apenas para financiar imóveis novos. “Isso não é inflacionário”, diz França.

O indicador da Abrainc-Fipe também aponta alta de 13,2% nas entregas em 2022, com 89,3 mil unidades. Segundo a entidade, esse número deve seguir alto nos próximos anos. Apesar disso, a taxa de distratos tem se mantido baixa e foi de 9,5% em 2022, queda de 1,4 ponto percentual em um ano e o menor patamar da série histórica.

Conteúdo originalmente publicado pelo Valor PRO, serviço de notícias em tempo real do Valor Econômico

Fonte: https://valorinveste.globo.com/produtos/imoveis/noticia/2023/03/29/alta-renda-ignora-selic-vai-as-compras-e-venda-de-imoveis-novos-sobe-9percent-em-2022.ghtml

Fonte e Crédito da Imagem: Sergio Souza/Unsplash